Agenda Mínima para evoluir
A evolução é
lenta, caminha no compasso da natureza, mas a própria natureza tem seus ciclos
e nossa humanidade está justamente vivenciando a fase de transição de um ciclo
para outro.
É algo semelhante
ao que acontece com a borboleta, após longo período no casulo, gestando sua
metamorfose. Um dia sai completamente modificada, abre as asas e, bela e leve,
irradiando alegria, parte para nova etapa.
O mesmo acontece
conosco. Se estivemos encasulados ao longo dos séculos ou milênios, em gestação
evolutiva, podemos fazer agora um esforço maior para promovermos nosso
“nascimento cósmico”, como seres melhorados. Podemos também permanecer no
casulo, aguardando nova primavera nos ciclos do tempo. Só depende de nós.
E não se pense
que pelo fato de sermos espíritas, detendo conhecimentos mais avançados,
estejamos num degrau superior, porque como disse o espírito Ermance Dufaux
“Espiritismo na cabeça é informação, no coração é transformação”. E é bom
observar que essa transformação não acontece, ou então ocorre de forma
excessivamente lenta, se não lhe dermos prioridade.
Até agora nos
meios espíritas vem-se priorizando o estudo doutrinário, que é importante, mas
peso maior tem em nossa evolução a vivência dos conteúdos espíritas, que são
muito simples e estão ao alcance de qualquer intelecto, por mais pobre que
seja.
Enquanto isso os
espíritos continuam enfatizando, sempre com maior insistência, quanto à nossa
mais premente necessidade nesta fase de transição, a transformação interior.
Mas por que não
conseguimos realizá-la, quanto desejaríamos?
Essa
transformação interna é tão difícil, por sermos o resultado de milenares
elaborações no bojo do tempo e das reencar-nações, que para se conseguir
resultados apreciáveis é necessário:
a) dar-lhe absoluta
prioridade;
b) ter um programa
evolutivo fácil e objetivo.
Então, no bojo de
muitas reflexões e ajuda dos irmãos maiores, fomos conseguindo anotar idéias e
conclusões, construindo este programa evolutivo muito simples e de fácil
aplicação.
Reflexão básica.
É fácil observar
como, em nosso esforço evolutivo, vimos desperdiçando forças em ações
esporádicas e dispersas, que não conseguem realmente realizar a reforma ou as
transformações interiores necessárias, desestimulando nossas pretensões
evolutivas.
Mas se nos
fixarmos numa agenda com poucos pontos essenciais, adotando-a como meta, como
roteiro a ser seguido, priorizando esforços nesse sentido, fica muito mais
fácil e produtivo alavancar essa reforma.
Neste opúsculo,
mesmo limitado pelo pouco alcance de nossa visão espiritual, estamos propondo
uma agenda mínima de ações e atitudes que ajudarão sobremodo nossa
evolução espiritual.
Se adotarmos esta
agenda e priorizarmos sua implementação em nossas vidas estaremos
desenvolvendo, de forma mais rápida e intensa, nossos valores latentes,
acendendo nossa luz, enfim, realizando a nossa reforma interna.
Tal esforço é
imprescindível se quisermos compartilhar conscientemente da grande transição do
nosso planeta, de “provas e expiações” para o “mundo de regeneração” de que
falam os espíritos.
Em mensagem psicografada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, no dia 30 de julho de 2006, no Rio de Janeiro-RJ, falando sobre
essa transição, o espírito Joana de Angelis diz:
“Opera-se, na
Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e
confirmada pelo Espiritismo. O planeta sofrido experimenta convulsões
especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas
diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral. (...) Não serão
apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de
destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a
folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa,
renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza
moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.
(...) A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande
transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as
mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto. (...)
Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas,
nas quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser
substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de
bem-estar e de harmonia emocional.”
Não acha que tais
advertências são por demais sérias para deixarmos nossa vidinha continuar a
“correr solta”, podendo acabar nos levando a reencarnar em algum mundo
primitivo, ou em algum povo dos mais atrasados do nosso planeta, até acordarmos
para as reais necessidades do nosso espírito imortal?
Esta Agenda
Mínima, oferta dos amigos espirituais, vem ajudar sobremaneira aqueles que
realmente estão querendo transformar intenções em atitudes.
Um dos seus
diferenciais é que ela prioriza a ação evolutiva a partir dos estados de
espírito. Isto é muitíssimo mais fácil do que ficar vigiando cada
pensamento, palavra, sentimento e ação. Apenas praticar ações virtuosas é algo
superficial, não muda estruturas, mas desenvolver estados de espírito é
trabalhar os valores correspondentes, em sua profundidade.
Outro diferencial
é o fato dela resumir todo um processo evolutivo - que demandaria um número
infinito de ações - em apenas cinco pontos. Quatro são estados de
espírito e um é atributo da mente.
OBSERVAÇÃO: Nesta
nova edição, estamos retirando dois dos pontos complementares, o compromisso e
as atitudes, por entender que já estão implícitos no processo de crescimento
interior, não precisando ser citados.
Afetividade
Sendo o amor o
maior dos valores da alma, o primeiro ponto a ser considerado é a
afetividade, caminho que nos leva a ele.
As manifestações do amor são tão infinitas,
desde as mais primárias até às mais elevadas, que fogem ao nosso entendimento.
Na verdade sabemos teorizá-lo, mas não o conhecemos em sua plenitude.
Sabemos, no
entanto, que nossos pensamentos, palavras, sentimentos e ações são fortemente
influenciados pelos nossos estados de espírito, pelo nosso “clima interior”.
Assim, cuidando desse “clima”, estaremos facilitando sobremaneira a vivência de
atitudes mais condizentes com o conhecimento espiritual que já alcançamos e com
o nosso momento evolutivo.
Num seminário
sobre perdão e auto-perdão o médium e orador espírita Divaldo P. Franco disse:
“Dois físicos
quânticos de renome estabeleceram que quando nós amamos, produzimos moléculas,
micro-partículas que podem ser semelhantes a fótons e vitalizam-nos a corrente
sanguínea, e quando odiamos, quando nutrimos raiva ou mágoa, geramos
micro-partículas semelhantes ao elétron, e elas destroem nosso sistema
imunológico, e nós adoecemos”.
Informou ainda
Divaldo que o Dr. Mark Cleland, da universidade de Harvard, diz que os
derivados do amor produzem linfócitos que sustentam a vida, e que o otimismo
nos ajuda a viver.
Vemos então que,
desenvolver amor nos sentimentos e vivenciá-lo, não reflete apenas um
ensinamento de natureza religiosa, mas também a própria ciência do bem viver.
Nos últimos anos
inúmeras pesquisas científicas vêm demonstrando a eficiência de valores como o
amor e o perdão na geração de saúde e bem-estar. Percebemos então como os
ensinamentos de Jesus, sob a ótica dessas descobertas e constatações
científicas, assumem novas feições. Já podemos começar a deixar de vê-lo apenas
pelas vias do misticismo, como o mártir da cruz ou o fundador de religiões,
pois Ele agora nos surge na condição de cientista cósmico, de Mestre que veio
nos ensinar a perfeita ciência do bem-viver. Suas lições já podem deixar de
representar aqueles chavões com cheiro de obrigação religiosa ou caminho para a
colônia espiritual Nosso Lar, surgindo em toda a sua plenitude como verdades
que, obedecidas, promovem o bem-estar da criatura e o seu crescimento como ser
cósmico e eterno.
Perdoar, amar,
ser fraterno, pacífico, mais que preceitos religiosos são fatores de saúde
física e psíquica, porque geram energia psíquica positiva, de boa qualidade. São
também fatores de prosperidade material, até o ponto em que a programação
reencarnatória permita, porque a pessoa que se habitua a desenvolver vibrações
de elevado teor gera uma presença agradável, que lhe abre muitas portas.
Na verdade, há
dentro de nós um universo de conhecimentos a serem buscados, de capacidades,
aptidões e possibilidades infinitas que poderão nos conduzir a patamares
evolutivos mais compatíveis com as características de um mundo de regeneração.
Apresentamos,
assim, a afetividade como o primeiro ponto, o primeiro valor a
ser considerado nesta agenda mínima, não só pelos atributos já identificados,
mas também por fornecer conteúdo ou alicerce para os demais valores crescerem e
se firmarem.
Mas como
desenvolvê-la, já que isto é tão difícil?
O primeiro passo
está em exercitá-la continuamente visando criar condiciona-mento. Quando
conseguirmos estar sempre atentos para gerar afetividade, esse valor começará a
fazer parte do nosso psiquismo e emoções. A grande dificuldade, no entanto, está
em nos lembrarmos sempre desse propósito.
Para solucionar
essa questão pode-se utilizar alguns recursos, inclusive lançar mão de
benefícios da tecnologia, tais como:
1 – Programar o
celular, o computador, ou um relógio para emitir algum som a cada meia hora e,
sempre que escutá-lo, desenvolver um estado interior de afetividade.
2 – Colocar
pequenos lembretes em alguns locais. Com um pouco de criatividade consegue-se
isto facilmente.
3 – Adquirir um
bracelete, um colar ou algo semelhante para, ao percebê-lo ou senti-lo,
lembrar-se de exercitar afetividade.
Pode-se também
estabelecer determinados momentos para exercitá-la, tais como, durante o banho
e as refeições, à hora de dormir e antes de levantar. São momentos em que
ocorre maior desligamento do corre-corre do cotidiano, facilitando a introjeção
de amorosidade nos sentimentos.
Durante o banho
pode-se mentalizar a energia da água a lavar também os resíduos energéticos
negativos aderidos ao corpo espiritual. Em seguida desenvolver um sentimento de
afeto pelos pés, as pernas, os quadris, lembrando o quanto eles são
importantes. Da mesma forma, visitar com muito carinho o abdômen e o tórax com
seus órgãos internos, e assim por diante até amar todo o corpo,
conscientemente. Depois, sentir amor pela própria alma, pelo espírito, por todo
o ser.
E assim,
envolvidos nessas vibrações de luz, direcionar essa sublime emoção para o ambiente em torno; levá-la mentalmente a se
espalhar em todas as direções, envolvendo nessa vibração tudo e todos, sem
qualquer restrição.
Outra forma muito
importante para desenvolver amorosidade é olhar para alguém e envolvê-lo numa
vibração de afeto, de carinho. Isto podemos fazer sempre, em todos os momentos
em que houver pessoas ao alcance da nossa visão. Mas não devem ser apenas os seres
humanos os objetos da nossa afetividade e, sim, tudo que vive e até mesmo os
inanimados, porque o amor é um poder que se irradia, sem escolher alvo.
Se prestarmos
atenção, podemos perceber quão infinitas vezes em nosso cotidiano podemos
desenvolver afetividade. Por exemplo, quando vemos uma pessoa feia ou
desagradável é natural nos colocarmos internamente em posição superior a ela.
Mas se a olharmos com olhar afetivo, pensando nas imensas dificuldades que deve
enfrentar por causa da sua condição, lhe enviaremos uma vibração de simpatia,
de fortaleza, de soerguimento.
Da mesma forma,
ao nos depararmos com um tipo mau, repugnante ou facínora. Pelo olhar afetivo
veremos que seu espírito é da mesma essência que o nosso, e que ele apenas está
vivenciando fases primárias em suas experiências evolutivas, em patamares ainda
degradantes, mas que um dia sua luz interior irá iluminá-lo por completo, assim
como acontecerá também com nós outros. Então lhe enviaremos uma vibração de
afeto e de indução ao bem.
Quando
conseguirmos perceber as profundas implicações no uso da afetividade em nosso
cotidiano, tornando-a atitude predominante, poderemos também observar
como o nosso interior mudou, iluminou-se.
Sente-se afeto em
várias modalidades:
a) por si mesmo;
b) por pessoas
que correspondem a esse sentimento na mesma medida. Esse é o afeto das trocas,
portanto, egoísta;
c) por pessoas ou
alguma comunidade eletiva, como por exemplo, a religiosa. Esse ainda é um afeto
egoísta, porque existe em razão de trocas;
d) por tudo e
todos de forma indiscriminada, assim como as águas de uma fonte que jorram, sem
pedir nada em troca. Esse é um afeto não egoísta. É abrir o coração para uma
terna vibração, que traz em seu bojo a alegria. É olhar com carinho para o
cachorro “vira-latas”, abandonado, sarnento, como se estivesse vendo algo muito
precioso.
Quando assumimos
um estado de espírito afetivo, nos tornamos pessoas mais brandas,
pacificadoras, propensas à alteridade e com mais facilidade para desenvolver a
humildade.
A afetividade relaxa.
Alteridade
O segundo
ponto é a alteridade, palavra que só agora começa a se tornar mais
conhecida, principalmente nos meios espíritas.
De forma resumida
podemos dizer que ela representa o respeito que devemos ter para com todos,
além da disposição para aceitar e aprender com os que são e pensam diferente de
nós. É também a construção da fraternidade apesar das divergências,
respeitando-as e procurando aprender com as diferentes opiniões. Mas vivenciar
o valor da alteridade não significa deixar de discutir, debater, questionar. A
discussão, o debate e o questionamento são saudáveis quando se respeita o outro
e a sua maneira de ser e de pensar.
A alteridade nos
ajuda a abrir caminhos para uma compreensão mais elevada sobre tudo. É o mais
importante mecanismo para o crescimento do homem como ser social, que pode
levá-lo a interagir pacífica e beneficamente com tudo que o cerca. É, sem
dúvida, o veículo capaz de conduzir a humanidade para a tão esperada nova era.
A postura
alteritária nos leva a ver todos com bons olhos, lembrando as palavras de
Jesus: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém,
os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas.” (Mateus 6:22 e
23)
A pessoa que
vivencia a alteridade passa a ser mais fraterna em todos os sentidos, deixando
de criticar, julgar, agredir... E esse tipo de atitudes deixa o ser em paz
consigo mesmo, com a humanidade, com a vida.
Aí você poderá
contestar dizendo que isto torna a criatura alienada. Mas há grande diferença
entre analisar – com vistas ao próprio aprendizado e também no intuito de
ajudar, caso seja viável – e julgar ou criticar. As posturas de julgamento e
crítica geralmente denotam uma idéia de superioridade, porque ao criticarmos o
outro estamos querendo diminuí-lo, para que a nossa “grandeza” fique mais
visível. Com tais atitudes, que têm como combustível o orgulho e a vaidade,
estamos enviando uma vibração negativa ao objeto da nossa crítica, seja ele uma
pessoa, uma instituição ou uma nação, já que as instituições e as nações são
formadas por pessoas.
Por exemplo, você vê alguém caminhando sobre a
grama de uma praça para encurtar caminho e pensa: “Que criatura mais sem
educação!”.
Nesse ato de
criticar intimamente a atitude daquela pessoa, você está gerando uma vibração
negativa, ou seja, “energia psíquica” de teor negativo. Parte dessa energia
fica em você mesmo, seu gerador, e outra parte alcança a pessoa que pisou a
grama para cortar caminho. Por outro lado, se registrar o ato errado, mas
respeitando a diferença do outro não criticá-lo, estará fazendo um bem a si
mesmo e deixando de fazer mal a outrem. Mas digamos que, agindo com alteridade
e com afeto, você entende que deve falar-lhe, alertando-o para o erro que está
cometendo, fá-lo-á então de forma a não humilhá-lo, encontrando a melhor
maneira de ser, junto àquela pessoa, uma presença benéfica. Mas se esse alerta
for inviável, poderá enviar-lhe uma vibração fraterna junto com a idéia de que
não se deve pisar a grama, para que esse tipo de vibração, alcançando o alvo,
possa induzi-lo a não mais praticar esse tipo de ações, atuar sobre ele como
fator indutor.
Desenvolvendo a
alteridade, respeitando completamente a maneira de ser dos outros em seus
erros, equívocos e até mesmo em suas maldades, lembrando que todos somos seres
em diferentes faixas evolutivas, tornamo-nos mais leves, mais de bem com a
vida, mais alegres e também mais saudáveis. E se entendermos e vivenciarmos
verdadeiramente a alteridade e a afetividade, faremos uma prece pelos que
estamos observando em erro e lhes direcionaremos vibrações positivas, indutoras
de ações mais corretas.
Mas há um ponto
importante a ser percebido em sua totalidade e de forma não distorcida. Diz
respeito à crítica. Como o ser humano, ou grande parte da humanidade, tem a
tendência de pular de um extremo para o outro, é bem provável que muitos, ao
abraçarem as idéias da alteridade, caiam nesses extremos e passem a adotar a
omissão ou a conivência como sendo posicionamentos alteritários.
Ocorre que
exercer a faculdade da crítica faz parte do crescimento do ser humano. Só que
há dois tipos de crítica, uma é saudável, a outra não.
Na crítica
saudável observamos, analisamos, buscando entender os porquês, confrontando
tudo com o que sabemos e o que entendemos que seja o melhor e o mais correto,
sempre na intenção do aprendizado e visando roteirizar para nós próprios os
melhores modelos. Podemos também realizar essas análises, visando de alguma
forma colaborar para que sejam corrigidos ou minimizados os erros que vamos
encontrando em nossas apreciações. Se acrescermos a esse tipo de crítica os
valores da afetividade, havemos sempre de encontrar a melhor maneira de ajudar,
de ser presenças benéficas onde estivermos, nem que essa ajuda se dê tão
somente através de uma prece ou de uma vibração positiva. Isto equivale a uma
atmosfera interna de boa vontade, de olhar tudo e a todos com bons olhos, a
desenvolver uma vibração positiva. Isto é benéfico para quem age dessa forma,
para os que o circundam e também interfere ou interage de forma positiva com as
próprias circunstâncias.
Na crítica
saudável podemos dialogar com tranqüilidade, debater nossos pontos de vista,
trocar idéias, estar abertos para aprender com os outros, enfim, participar
ativamente das situações, sempre visando o bem geral.
No tipo de
crítica não-saudável, desenvolvemos uma ambiência interna pesada, do contra,
sempre dispostos a encontrar erros em torno de nós. Posturas assim são
geradoras de energismo pesado, desagregador, além de fomentar orgulho e vaidade
em quem as vivencia.
Também é digno de
nota o fato de que nos meios espíritas é muito fácil desenvolvermos um estado
de crítica negativa com relação às religiões e a outros saberes, tendo em vista
o universo de conhecimentos transcendentais que o Espiritismo nos proporciona.
Esse tipo de procedimento é também gerador de orgulho. Mas uma postura
alteritária é niveladora, ajudando a eliminar o orgulho, por nos propiciar
entendimentos mais amplos, pelos quais podemos perceber a importância de todos
os demais saberes, filosofias e religiões na evolução da humanidade.
Outro dia, quando
fazia a caminhada matinal, ao passar diante de um condomínio em construção, um
homem – vigia noturno da obra – lia a Bíblia para uma mulher.
Meu primeiro
impulso foi pensar: “Um evangélico querendo converter alguém, logo cedo”. Mas,
lembrando-me da alteridade, mudei meu estado de espírito com relação àquela
situação e iniciei um discurso de censura para comigo mesma. Logo em seguida,
porém, recordei-me das lições que venho aprendendo com esta Agenda Mínima,
enquanto a vou escrevendo. Então, ao invés da auto-censura, preferi “olhar” a
cena com uma visão diferente, e fiquei comovida com o que vi: uma pessoa pobre,
certamente sem instrução, ocupando-se em repassar a outrem os ensinamentos de
Jesus, quando poderia estar comentando o crime da véspera que ainda circulava
na mídia e na boca do povo.
Olhei-os então
com outros olhos e enviei-lhes uma vibração afetuosa. Segui caminho,
sentindo-me feliz, desse tipo de felicidade que sentimos quando olhamos o outro
com afeto, com alteridade e com humildade.
Assim, por tudo
que podemos observar em nós e em torno de nós, é possível perceber a importância
da alteridade em todos os relacionamentos. Nos meios espíritas ela se torna uma
postura de vanguarda, sinalizando um modelo de convívio para o novo tempo, o
mundo de regeneração.
A afetividade e a
alteridade também são importantes para a paz. Ver os outros com olhar
alteritário minimiza quaisquer razões para a violência. Vê-los com olhar
afetivo dilui as vibrações agressivas e desfaz impulsos violentos.
O escritor e
palestrante espírita Alkíndar de Oliveira, pinçou algumas observações do
espírito Ermance Dufaux, do livro Reforma Íntima sem Martírio,
psicografado por Wanderley S. Oliveira, nas quais vale a pena refletir:
“Aprender a
discordar sem gostar menos, de nossos companheiros.”
“Aceitar cada
pessoa como é, procurando entender os “porquês” dos incômodos que sentimos com
esse ou aquele coração.”
“Pensar sempre
com bondade sobre quaisquer pessoas, em quaisquer situações.”
“Ajuizar, com
isenção de ânimo, o valor das idéias alheias.”
“Onde houver duas
ou mais pessoas reunidas... ali estará o conflito. Cabe a nós aprender a
administrar os conflitos interpessoais e isto só será possível se tivermos
alteridade.”
E que viva o amor, em todas as suas
manifestações.
Humildade
O terceiro
ponto é a humildade.
Mas que é
exatamente humildade? É fazermo-nos pequenos, menores do que somos na
realidade? É minimizar nossos valores?
Certamente, não.
A humildade é uma
percepção clara da nossa real condição. Nem para mais, nem para menos.
Se for para mais
nos levará ao orgulho, porque a idéia de sermos mais evoluídos do que nossa
realidade acarreta envaidecimento, já que, pela nossa pouca evolução, estamos
ainda muito predispostos a cair nessa ilusão.
Se forçarmos
nossa percepção para menos, isto nos levará a uma situação irreal e à
diminuição da nossa auto-estima, o que é prejudicial para nossa vida e
evolução.
Mas como podemos
encontrar nossa real condição? Aprofundando o auto-conhecimento.
Mas é preciso ter
cuidado porque geralmente ao mergulharmos em nossa intimidade nessa busca,
temos como foco, mesmo inconsciente, encontrar valores ainda não descobertos.
Hoje, pela manhã,
ao fazer a caminhada diária, tive ocasião de entender essa questão por um
ângulo diferente.
Numa prece pedi a
Deus e aos espíritos benfeitores que me ajudassem a me tornar humilde, a
conhecer minha realidade mais íntima, a fim de que esse conhecimento me
ajudasse nesse desiderato.
Pus-me então a
refletir, percebendo que um amigo espiritual conduzia minhas reflexões e,
assim, na busca à minha realidade, comecei por fazer um questionamento.
Se nunca tivesse
tido orientação, assistência e participação espiritual em minhas ações e na
condução da minha vida, como eu seria ou estaria agora?
Era uma questão
difícil, mas importante. E como entremostrava um universo excessivamente vasto,
achei melhor fixar-me apenas na minha vida como espírita.
Voltei então
atrás no tempo, desde os primeiros passos neste caminho, perguntando-me sempre
como teria sido se os espíritos não me tivessem auxiliado, orientado e
conduzido?
Dessas perguntas
restou um saldo que certamente estava bem abaixo do esperado.
Percebi então que
não seria, na minha realidade, o que hoje “estou”, e nesse caminhar
rememorativo cheguei ao momento em que comecei a atuar na divulgação do
Espiritismo ao público externo: coluna no jornal, programa no rádio, peças
teatrais, livros e muitas outras atividades que se foram desdobrando ante meu
olhar interior. Mas esse olhar já era diferente. Ao perguntar-me como teria
sido se não tivesse recebido assistência espiritual em cada etapa, em cada
momento... só encontrava o vazio. Não havia respostas.
Fui trazendo à
memória a forma como todas essas ações começaram e percebi com absoluta clareza
que mãos invisíveis sempre conduziram absolutamente tudo.
Tudo que tenho
escrito, todas as iniciativas, tudo sempre começou e continuou pela ação deles.
Até mesmo isto que estou escrevendo agora, foi-me intuído por eles. Nada do que
fiz e faço é de minha exclusiva lavra. Na verdade, sou apenas a mão que
executa.
Como segundo
passo, comecei a imaginar como eu seria hoje, não tivesse sido “levada” para
este caminho. Talvez fosse uma dona-de-casa unicamente preocupada com os
afazeres domésticos e as conversas com as vizinhas, dissecando a vida dos
outros, ou detalhando os acidentes, crimes e fofocas ocorridos mais
recentemente. Talvez fosse uma profissional inteiramente tomada pelas
atividades e a luta pela sobrevivência. Provavelmente estaria enfrentado
situações as mais amargurosas e sofridas, em difíceis resgates, sem poder
contar com o apoio e amparo dos amigos espirituais. Em qualquer dessas
situações eu me via como uma pessoa absolutamente insignificante. Pior ainda,
ao pensar que sem a assistência dos amigos espirituais, quem sabe poderia
ter-me tornado alguém de presença negativa, maléfica.
Que terrível
“virada”!
Já olhava os
transeuntes percebendo-me abaixo de todos, sem qualquer valor. Senti então, não
exatamente humildade, mas uma terrível sensação de inferioridade e de
impotência, e o desânimo começou a se instalar.
Mas antes que se
instalasse e, certamente com ajuda do benfeitor espiritual, lembrei-me de um
dos pontos desta Agenda, o equilíbrio.
Se analisasse com
equilíbrio, entenderia que em todo esse andamento da minha vida como espírita
houve também minha participação, embora mínima:
a) deixei que me
conduzissem, agindo com o valor da “boa vontade”;
b) assumi o
compromisso firmado antes da minha reencarnação, procurando fazer a minha
parte;
c) esforcei-me
por me conectar com o “mais alto” através da prece, das atitudes e ações,
dentro da minha limitada evolução e, apesar das quedas e tropeços, não desisti;
d) tenho
procurado ser a “mão que executa”, mesmo sem ter sempre executado da melhor
maneira.
Com essas
observações já deu para respirar mais aliviada, mas a “queda na realidade” foi
extremamente marcante.
Acredito que
daqui em diante, se meus pensamentos convergirem para o que “estou”, olharei
para mim mesma procurando imaginar como seria e como estaria, não fosse a
assistência e ajuda dos benfeitores espirituais. Assim poderei ver a minha
realidade, a minha verdadeira condição, e isto me ajudará a caminhar no rumo da
humildade e, no lugar do orgulho, começar a construir um espaço para a
gratidão, com profunda admiração pelo grandioso valor, o amor, que leva
tantos a acolherem e a ajudarem tantos outros de forma absolutamente
desinteressada. (A referência é aos espíritos benfeitores.)
Quando “caímos na
realidade” percebemos que não há razões para nos sentirmos engrandecidos por
nossas constatações distorcidas, pelos elogios recebidos ou por quaisquer
outras razões. Tudo em nossas vidas será motivo de gratidão àqueles que nos
assistem e motivação para buscarmos cada vez mais nosso crescimento interior.
Mas esse mergulho
em nossa realidade apresenta também outro desdobramento, o nosso grau de
evolução espiritual, aquilo que SOMOS, não o que aparentamos ser.
Esse “aparentar”
é muito bem explicado pelo espírito Ermance Dufaux, no livro Reforma Íntima sem
Martírio, quando fala nas inúmeras máscaras que usamos num processo de
“santificação de adorno”, quando diz:
“Percebe-se que
esse tipo de “santificação” está no nosso exterior, como mera vestimenta ou
adorno a ser mostrado aos outros, principalmente aos companheiros da seara, por
receio de sermos por eles julgados e tidos como “maus espíritas”, ou seja, de
cairmos no conceito da comunidade em que estamos inseridos. Mas lembremos que
Jesus enfatizou muito essa questão das aparências e a própria lógica nos diz
que ela não tem qualquer consistência. Ao contrário, é muito prejudicial à
nossa evolução porque nos leva, ao longo do tempo, a acreditar que realmente somos
o que aparentamos, engano que nos custará muitas dores, tristezas e
arrependimento após ingressarmos no reino da verdade pelas portas da
desencarnação.”
Ermance e outros
espíritos falam muito sobre as grandes decepções e sofrimentos de espíritas em
seu retorno ao mundo espiritual, quando em contato mais profundo com sua
própria realidade, por causa desse “aparentar ser o que na realidade não se é”.
E essa realidade
é fácil de constatar quando nos colocamos de atalaia junto a nós mesmos, ou
como ouvidor junto à nossa fala, perguntando-nos sempre as causas profundas de
tais pensamentos, palavras, atitudes e ações. Com isso podemos perceber, quando
nas linhas da verdade, o quanto de enganos ainda há em nós e quanto camuflamos
as nossas razões mais íntimas. Percebemos a nossa tendência em nos mostrar aos
outros visando sua aprovação e elogios, porque isto faz bem ao nosso ego.
Mas a pessoa mais
evoluída não se compraz com a admiração alheia. Não busca nem precisa dos
“altares” e das platéias que nós outros ainda buscamos. Da mesma forma não se
ocupa em contabilizar os próprios valores e qualidades, que para ela são
naturais, fazem parte do seu ser.
O fato de nos
atribuirmos alguma superioridade espiritual já nos informa sobre o nosso real
nível evolutivo.
A humildade
também leva a quem já vivencia esse valor a assumir postura de aprendiz, mesmo
que tenha galgado posições de destaque, por descobrir que o muito que acredita
saber e ser, nada é em relação ao que ainda precisa aprender e ser.
E assim, após
todas essas reflexões, análises e constatações acabamos por perceber que
estivemos caminhando sobre saltos muito altos, ou mesmo, sobre “pernas de pau”,
e ao nos olharmos no espelho víamo-nos numa condição bem mais elevada que a
realidade.
Esse é um momento
único, que poderá decidir nosso processo evolutivo. É o momento em que, face a
face com nós mesmos, podemos começar a crescer sobre as próprias bases, sem
máscaras, sem ilusões.
Mas também é um
momento que acarreta certo perigo, porque podemos não aceitar nossa real
posição e acabar construindo novas e mais pesadas máscaras. Da mesma forma pode
também surgir o desânimo ou gerar-se baixa auto-estima.
Por tudo isso é
necessário preparar bem o coração e a mente, e, acima de tudo, buscar ajuda
divina para esses momentos tão importantes nos nossos processos evolutivos. E
então, após todas as constatações, quando, mais que perceber, começamos a
“sentir” a nossa pequenez, passamos também a nos sentir mais leves e mais
livres.
Outro ponto
importante é nos aprofundarmos nessa busca interior sem o intuito de nos
criticar, censurar ou baixar a auto-estima em razão das coisas negativas que
formos encontrando. Devemos, sim, devassar nosso íntimo, assim como um
cirurgião, a procura daquilo que nos faz mal, perdoando-nos mediante a
compreensão de que somos ainda pré-adolescentes espirituais, com direito de
errar, mas a caminho do nosso crescimento.
Chico Xavier se
comparava a um burro de carga, ou outros qualificativos que o diminuíam.
Certamente foram posturas extremas que ele apresentava visando ajudar os
leitores em seu combate ao orgulho, “puxando a corda da humildade” ao extremo,
para ver se assim ajudava um pouco mais.
Mas o equilíbrio
(outro ponto desta agenda) nos informa que, se buscarmos a nossa realidade mais
profunda, sem distorções, não precisamos adotar tais posturas.
E assim,
percebendo sempre que a nossa essência espiritual é “luz de Deus” ainda oculta
sob a nossa imaturidade, nossa pouca idade sideral, e que somos todos iguais,
embora em diferentes trechos do caminho evolutivo, será mais fácil
desenvolver a humildade verdadeira. E essa humildade não será um peso a nos
diminuir, a nos comprimir em nossos baixos patamares evolutivos, mas um
vislumbrar de alegrias divinais a nos irmanar com todos. Nem acima, nem abaixo,
mas iguais, como flores a vicejarem sob os raios do divino SOL.
Mas há uma
pergunta importante: como fica nossa situação - médiuns, dirigentes,
palestrantes, escritores e demais líderes ou formadores de opinião - quando,
“sob o aplauso da platéia”, nos vemos alçados a patamares irreais? Nessas
condições, reconhecendo nossa realidade íntima, não condizente com aquela que
os outros vêem, podemos entender que não devemos decepcionar a “platéia”, por
temer que essa decepção possa recair sobre a mensagem de que somos portadores.
Que fazer? Como
agir nessas situações?
Eis uma difícil
questão.
Para não
“decepcionar a platéia” é fundamental deixar sempre claro que a mensagem que
conduzimos não é exatamente nossa, os méritos não são nossos, pois somos apenas
porta-vozes, ou as mãos que materializam a obra.
Isto não será
difícil quando nós mesmos estivermos convencidos dessa realidade.
Valorizar a
mensagem, sim, colocando o mensageiro no lugar que lhe cabe. Deixar bem claro
que somos tão falíveis quanto os demais, e que importa refletir no teor da
mensagem, sem ocupar-se com aquele que a traz.
Só se decepciona
quem se iludiu.
Além disso, é
fundamental empenharmo-nos verdadeiramente em nossa reforma interior, buscando
primeiro conhecer melhor a nós mesmos, a nossa realidade íntima e oculta, para
em seguida darmos andamento mais acelerado a essa reconstrução e posterior
crescimento.
Certamente é
necessário também abandonar aquelas posturas de “santidade de adorno”, arrancar
as máscaras e permitir que os outros nos vejam como somos. Será um verdadeiro
“quebrar paradigmas”. Talvez a “platéia” se decepcione, mas terá oportunidade
de aprender a desenvolver percepções mais equilibradas, a não confundir o santo
com o milagre e entender que a evolução pede transparência.
Mostrar com
sinceridade nosso íntimo, com suas sombras e luzes, toca muito mais do que
muitas palavras elaboradas. Aproxima-nos dos outros, e essa aproximação
possibilita entrelaçar esforços, somar ideais de evolução para crescer em
conjunto. É muito mais fácil que crescer sozinho. Apoiando-nos uns nos outros,
com sinceridade e igualdade, podemos alcançar mais facilmente nossas metas
evolutivas, sem recear julgamentos humanos, nem discriminações.
Essa opção
certamente é bem difícil, mas de que vale caminhar sobre altares ou por
caminhos mais fáceis quando encarnados, para depois sofrer decepções e as mais
diferentes dificuldades no mundo espiritual, além de precisar recomeçar tudo em
futuras encarnações? E aqui cabe lembrar aquela conhecida exortação de Jesus:
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta que leva à perdição”.
Convém lembrar também que essas reflexões não se
restringem apenas aos formadores de opinião ostensivos. Toda pessoa sempre
exerce influência, em algum grau, sobre outras pessoas.
Contentamento
O quarto ponto
desta agenda também representa um estado de espírito. É o contentamento.
É importante, é
fundamental, desenvolver os valores que nos tornam pessoas melhores, presenças
benéficas. Mas como ficamos em nossa intimidade? O que fica faltando para
alcançarmos a plenitude? Onde ela se encontra? Certamente está no coroamento
dos valores da alma, no contentamento, que é a nossa vibração de vida.
Pense numa pessoa
afetuosa, alteritária, que já tenha adquirido os valores da humildade, mas
triste, desalentada, arrastando sua cruz vida afora. É como um pássaro de uma
só asa. Como levantar vôo para novas conquistas espirituais, quando falta essa
seiva de vida, o contentamento?
Os seres
espirituais de elevada condição irradiam alegria. A sua presença infunde
inusitado júbilo nas pessoas que possuem maior sensibilidade. È uma sensação
maravilhosa de plenitude. Tudo se transforma em infinito contentamento, em puro
júbilo que vibra em cada célula e em cada neurônio. É como se ficássemos “cheios
de Deus”.
O contentamento,
na verdade, é uma elevada aquisição que podemos ir conquistando passo a passo,
aproveitando todos os momentos para senti-lo, desenvolvendo-o em nossa
intimidade.
Há estados de
espírito como a depressão, a tristeza e o desamor, que chamaria de falsos, por
não se harmonizarem com a verdadeira natureza do ser e da vida. A natureza
vibra a alegria de viver em sons, movimentos e formas. Por isso não devemos
deixar prosperar estados de espírito falsos. Nos casos de depressão profunda é
importante procurar ajuda na medicina, por se tratar de algo que foge ao
controle da própria pessoa.
Um estado de
espírito prazeroso pode ser desenvolvido. Podemos nos condicionar ao júbilo.
Certamente não será fácil a quem já se habituou, até mesmo ao longo de várias
encarnações, a carregar os pesos da vida nas costas.
Há pessoas
sofredoras, com graves deficiências físicas, passando necessidades materiais de
toda sorte, sofrendo humilhações, mas que se mostram sempre alegres, de bem com
a vida. Também há outras que receberam da vida tudo que alguém pode desejar,
mas são carrancudas, mal-humoradas, e vivem a se queixar.
As condições
materiais certamente podem influenciar nossos estados de espírito, mas só até
certo ponto. Num documentário sobre a felicidade, o Globo Repórter
mostrou uma mulher muito pobre que trabalhava como ascensorista e mantinha
sozinha a família com dois ou três filhos e mais um neto por chegar. Estava
sempre sorridente e dizia-se muito feliz.
Se prestarmos
atenção iremos sempre encontrar pessoas que “vivem no sub-solo da vida” mas
estão sempre alegres.
É muitíssimo
importante adotar o contentamento como estado de espírito eletivo. Basta
exercitar-se em cultivá-lo, ficando atento para sempre “ver” o lado bom e belo
da vida, desde as pequenas até às grandes coisas.
A alegria nos
torna plenos, quando vibra alicerçado na afetividade, na alteridade e com
humildade de alma. Diz o espírito Miramez que ela reveste todas as virtudes de
luz.
Se não se quiser classificar o
contentamento como virtude, certamente
ele representa uma “vitamina espiritual”, um elixir de vida, ajudando a
torná-la plena.
Equilíbrio
Ao quinto
ponto (último) desta agenda mínima chamamos de complementar, porque
complementa todas as outras, dando-lhes um eixo. Também não é estado de
espírito, mas atributo da mente. Trata-se do equilíbrio, um dos mais
importantes valores do ser racional, já que possibilita maior número de acertos
e evita muitas quedas. É irmão gêmeo da sabedoria.
A todo instante
nos vemos a braços com escolhas, decisões e conflitos, desde os mais graves,
até aos mais corriqueiros. Eles ocorrem não apenas em nossa vida de relação com
o mundo exterior, mas também em nossa intimidade, no desenrolar do pensamento,
nas emoções e nos sentimentos. Então, para que erremos menos, o equilíbrio deve
estar sempre presente. Diríamos mesmo que já deve estar atuante até mesmo no
nascedouro dos pensamentos, como alicerce de sabedoria para nossas vidas.
Vemos então a
importância de buscá-lo em nossos processos evolutivos, para não cairmos nas
muitas dificuldades e sofrimentos que a sua ausência pode provocar.
Nos pontos
apresentados até agora o equilíbrio deve sempre estar presente.
Na afetividade,
norteando os envolvimentos de forma a não transformá-la em algemas, ou em dependência
de qualquer natureza.
Na alteridade
é fundamental para orientar nossas reflexões, debates ou discussões com
serenidade, isenção de ânimo e maturidade, possibilitando gerar as mais
acertadas conclusões.
Na humildade
é o suporte necessário para não cairmos nos extremos, sempre prejudiciais.
No contentamento evita exageros e falsas exibições.
Em todos os atos e passos do nosso existir,
portanto, o equilíbrio é valor fundamental, porque nos proporciona um alicerce
necessário ao correto entendimento de tudo. Representa a maturidade despontando
em quem o possui.
Resumo
A Agenda Mínima para evoluir é um programa
cujo diferencial é a priorização da ação evolutiva a partir dos estados
de espírito, que são o fundamento de todos os nossos movimentos de vida.
Cuidando desse “clima interior” estaremos facilitando sobremaneira a vivência
de atitudes mais condizentes com o conhecimento espiritual que já alcançamos e
com o nosso momento evolutivo.
Outro diferencial
é o fato dela resumir todo o processo de crescimento interior, que demandaria
um numero infinito de ações, em apenas cinco pontos: quatro representam
estados de espírito e um é atributo da mente.
Afetividade – Sendo o amor o maior dos
valores da alma, o primeiro ponto a ser considerado é a afetividade.
Quando nos habituarmos a vivenciá-la, estaremos dando o mais importante dos
passos no rumo do amor e da nossa evolução espiritual.
Alteridade – Resumidamente, podemos dizer que ela representa o respeito que
devemos ter para com todos, além da disposição para aceitar e aprender com os
que são e pensam diferente de nós. É também a construção da fraternidade apesar
das divergências, respeitando-as e procurando aprender com as diferentes
opiniões. Mas não significa deixar de discutir, debater, questionar. A
discussão, o debate e o questionamento são saudáveis quando se respeita o
outro, a sua maneira de ser e de pensar. É, sem dúvida, o veículo que ajudará a
conduzir a humanidade para a tão esperada nova era.
Humildade - É uma percepção clara da nossa real condição. Nem para mais, nem
para menos.
Se for para mais,
nos levará ao orgulho, porque pensar que somos mais evoluídos do que nossa
realidade, acarreta envaidecimento. Pela nossa pouca evolução, estamos ainda
muito predispostos a cair nessa ilusão.
Se forçarmos
nossa percepção para menos, isto nos levará a uma situação irreal e à
diminuição da nossa auto-estima, o que é prejudicial para nossa vida e
evolução.
Contentamento – É importantíssimo
desenvolver os valores que nos tornam pessoas melhores, presenças benéficas. E
quanto a nós? O que fica faltando para alcançarmos a plenitude? Certamente
ela está no coroamento dos valores da
alma, no contentamento, que é nossa vibração de vida.
Equilíbrio - Complementa todos os outros, dando-lhes um eixo. Não é estado de
espírito, mas atributo da mente e um dos mais importantes valores do ser
racional, já que possibilita maior número de acertos e evita muitas quedas. É
irmão gêmeo da sabedoria.
Nos pontos
apresentados o equilíbrio deve sempre estar presente:
Na afetividade,
norteando os envolvimentos de forma a não transformá-la em algemas, ou em
dependência de qualquer natureza.
Na alteridade
é fundamental para orientar nossas reflexões, debates ou discussões com
serenidade, isenção de ânimo e maturidade, possibilitando gerar as mais
acertadas conclusões.
Na humildade
é o suporte necessário para não cairmos nos extremos, sempre prejudiciais.
No contentamento
evita exageros e falsas exibições.
Em todos os atos
e passos do nosso existir o equilíbrio é valor fundamental, por nos
proporcionar um alicerce necessário ao correto entendimento de tudo. Representa
a maturidade despontando em quem o possui.
Agora,
companheiro de ideal, só está faltando você decidir-se a iniciar um programa
evolutivo, dando-lhe total prioridade.
Verá, com os resultados obtidos, que
realmente... VALE A PENA.
Referência: Elaborado por Saara Nousiainen